Este dia é fundamental no cristianismo. Os quarenta dias que constituem a quaresma (sem contar os domingos) vão desde a quarta feira de cinzas até à Páscoa. Trata-se de um tempo de reflexão, de espiritualidade, de alguma privação voluntária, de abstinência sobre alguma coisa (que não necessita obrigatoriamente de ser a carne) e acima de tudo um tempo de conversão e de mudança. Neste sentido, a quarta feira com que inicia a quaresma é um dia fundamental que tem como base simbólica a cinza. Esta significa, essencialmente, a fragilidade em que está envolta a vida humana e a efemeridade que representa a nossa vida. Nascemos das cinzas ou do pó e é para as cinzas e o pó que havemos de voltar. É mesmo aqui que reside a sua importância. Temos de tomar consciência que não somos absolutamente nada, que não podemos acrescentar um só côvado à nossa estatura, que a nossa vida não depende de nós próprios. Ora, consequentemente, tudo aquilo por que nós lutamos na nossa vida e tudo aquilo a que nós damos tanta importância não tem o menor valor perante a cinza que é a nossa vida.
Acima de tudo, é importante aproveitar o tempo da quaresma para percebermos que estamos na nossa vida de passagem para uma outra que é eterna. O apego às coisas deste mundo não tem qualquer sentido uma vez que vamos acabar com nada, exactamente como começamos. Assim, ao reflectirmos, importa perceber que todos os seres humanos nascem sem nada e morrem para não levar absolutamente nada. Assim, durante a nossa vida, o ideal era sermos comunidade (à imagem dos Actos dos Apóstolos) igual em que durante a vida todos tenham acesso a um viver digno. As diferenças não estão no nascimento nem na morte. As desigualdades são criadas por uma sociedade corrupta e interesseira que forma seres humanos cada vez mais egoístas e materialistas abrindo um fosso cada vez maior entre os que nascem e morrem iguais para nada levarem deste mundo senão a caridade praticada.
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