Não vale a pena tentar com palavras mansas porque a coisa já não vai lá com paninhos de água quente. As doenças que assolam as nossas populações têm cancros e estigmas muito fundos, sobre os quais já não têm poder nenhuns antibióticos. Passou-se de uma cultura religiosa, marcadamente ligada à instituição Igreja Católica, pelo menos no mundo ocidental, para uma cultura que tolerava a religião. Hoje está a dar-se, a passos largos, um outro processo, a religião, especialmente a instituição Igreja Católica quase não se tolera em muitos círculos da vida contemporânea. De uma maneira grosseira podemos dizer que falta, nesta sociedade, o conhecimento e a vivência/prática da Palavra de Deus, tudo isto a propósito das leituras deste domingo que nos apresentam a liturgia, especialmente o Evangelho (Mt 7, 21-27). No entanto é necessário esmiuçar estas coisas para que melhor se possam compreender.
Então vejamos: a sociedade está afecta a enormes problemas para os quais não encontra solução, pelo menos a curto prazo. Com um bocadinho de atenção percebemos facilmente que todos esses problemas estão mais que resolvidos pela Palavra de Deus. O que falta então neste momento é o conhecimento e a educação à luz desta mesma Palavra. Estamos a incorrer num enorme risco: hoje não se educam os filhos segundo a ética proposta pela Bíblia ou pela praxis nela fomentada. A intolerância criada em torno da Igreja Católica fez com que até os próprios pais se afastassem dela. Consciencializemo-nos que os filhos que educamos hoje, são os que vão fazer o mundo amanhã.
Para que não sejamos abstractos vejamos quais são esses problemas para assim entendermos aquilo de que estamos a falar. As crianças são quase impossíveis de aturar, seja na catequese ou na escola, porque se passou da cultura de “uma lambada bem assente” (que eu agradeço profundamente aos meus pais) para o “coitadinho, as crianças não têm culpa de nada”. Depois na rua partem a cabeça uns aos outros, para não falar daqueles que entram pelos recintos escolares de arma em punho: não conhecem a Palavra de exclama “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Crescem um pouco e procuram sentido na vida aquando da juventude, todavia, a felicidade, quando não está na família procura-se nos amigos, na namorada/namorado, e quando também não está aí, vai-se buscar à droga e à vida desregrada (até na moda e no ciúme que mutila o outro): não conhecem a Palavra que exclama “eu sou o caminho a verdade e a vida”. Aqueles que casam, já na casa dos trinta, porque é preciso primeiro ter a vida estável, ao fim de alguns meses, anos, na impossibilidade de fazer perdurar um compromisso, porque somos cada vez mais egoístas, pedem o divórcio com a mesma facilidade que se pede uma cerveja num bar; dando lugar a outro casamento, com outros divorciados e criando a cultura de “o teu filho e o meu filho estão a bater no nosso filho”: porque não conhecem a Palavra: “Todo aquele que ouve as minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha”. Poderíamos continuar com temas como o casamento homossexual, aborto, eutanásia, … etc.
Seria importante apenas que este texto causasse alguma reflexão apenas num sentido que inquieta quem está por dentro destas coisas: que mal pode fazer a educação e o conhecimento da Palavra de Deus? É que consoante aquilo que vemos, parece que ela queima, abrasa. E eu poderia responder, inquieta. Inquieta muitos corações que ante a falta de coragem para a assumir, a atacam. Por isso que há tantas casas construídas sobre a areia e levadas pelo vento. No entanto a Igreja continua sobre rocha firme.
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